Radicalismo para derrotar a destruição da previdência

No apagar das luzes de 2017, o governo corrupto de Michel Temer tenta aprovar mais um ponto do seu amplo projeto de destruir a vida do povo brasileiro. Depois da destruição das leis trabalhistas, é a vez de tentar acabar com a previdência. Mentindo nas suas propagandas enganosas – que já acumulam gastos de R$ 171 milhões –, o governo tenta iludir o povo de que está combatendo “privilégios”. Grande mentira. O objetivo da reforma é justamente garantir os privilégios do 1% de bilionários da elite brasileira, que querem destruir a previdência para continuar assaltando o orçamento do Estado.

  1. Destruir a previdência para manter os privilégios da elite

A reforma da previdência proposta pelo corrupto Temer não combate privilégios. Se fosse para combater privilégios, acabaria com a farra dos grandes empresários que vivem de lucros financeiros sustentados pelo Estado. A elite brasileira leva na mão grande, através da Desvinculação das Receitas da União (DRU), 30% da receita da seguridade social – que inclui previdência, saúde e assistência. Saqueia 47% do orçamento público com juros, amortizações e refinanciamentos da dívida pública. Por fim, relatório da CPI da previdência realizado no Senado mostrou que os empresários brasileiros devem estrondosos R$ 450 bilhões para a previdência. Se fosse para conter privilégios, é na elite capitalista que deveria ser mexido e não das aposentadorias dos trabalhadores do setor público e privado.

As principais medidas que o governo está tentando empurrar goela abaixo do povo são: 1) rebaixar o valor pago a todos os trabalhadores, que tem uma redução de quase 16% no piso das aposentarias; 2) ampliar a idade mínima para que se consiga o benefício – 65 anos para homens e 62 anos para mulheres; 3) aumentar o tempo mínimo de contribuição para servidores públicos, que passa a ser de 25 anos; e 4) expandir para 40 anos o tempo mínimo de contribuição para que seja possível se aposentar com o valor integral do benefício.

Em resumo, a proposta não combate privilégios como fala a propagando governista. Inclusive, esta propaganda acaba de ser derrubada do ar pela justiça, já que mentia para o povo. A proposta visa reduzir o gasto do Estado com o povo, aumentando o roubo promovido pela elite do país.

  1. Radicalismo vitorioso contra a reforma da previdência

Dificilmente Temer conseguirá aprovar a reforma da previdência. O desgaste de seu governo é enorme, sendo que ele não tem votos no congresso para realizar tal tarefa. A ausência de votos não ocorre em função de algum tipo de consciência responsável do congresso. Este não passa de um covil de ladrões, dominado pelos interesses econômicos que compram deputados e senadores através do financiamento das campanhas. O número escasso de parlamentares que defendem a reforma é, isso sim, resultado das grandes lutas dos trabalhadores no primeiro semestre.

Os movimentos populares organizados lutaram no primeiro semestre como não faziam há muitos anos. De forma radical, em um trabalho de agitação política exemplar, mobilizaram o povo desde o início do ano, culminando na grande greve geral do dia 18 de abril e na grandiosa marcha à Brasília no dia 25 de maio. A primeira, contando com táticas radicais de piquetes urbanos e paralização dos transportes, paralisou mais de 40 milhões de trabalhadores em todo Brasil, trazendo em torno de R$ 5 bilhões de prejuízo apenas para o setor comercial. Na segunda, quase 200 mil pessoas marcharam à capital do país, onde ocorreu um confronto de mais de 4 horas provocado pelas forças policiais do Estado. É por essa atuação combativa e radical que hoje Temer não consegue aprovar a reforma.

O ensinamento de 2017 é este: o radicalismo político é um instrumento revolucionário dos trabalhadores em luta. Ao menos no tema da previdência, a elite brasileira foi derrotada neste ano que está chegando ao fim. Entretanto, o apetite da elite sobre o Estado certamente não vai parar em 2018. Continuam vendo ameaçados seus privilégios caso não façam esta reforma, não privatizem as empresas públicas, não continuem a retirar direitos dos trabalhadores e a destruir os serviços públicos. Assim, se 2017 foi um de lutas, não podemos nos acomodar e pensar que 2018, por ser um ano eleitoral, será tranquilo. A guerra de classes permanece, com a diferença fundamental de que a elite encontra-se extremamente desgastada após um ano de forte ofensiva contra o povo brasileiro. Com inteligência e radicalismo, sem cairmos na ilusão da conciliação de classes, é possível um início de virada de jogo. Basta querer e acreditar.

 

Responsável Técnico: Maurício Mulinari
Fonte: http://www.fecesc.org.br/radicalismo-para-derrotar-a-destruicao-da-previdencia/