Bolsonaro libera R$ 1 bi para deputados em troca de apoio para desmontar Previdência
Com justificativas fracas em favor da reforma, governo deve passar até R$ 3 bilhões em emendas
O governo federal liberou R$ 1 bilhão para atender pedidos de deputados. O agrado é mais uma tentativa de conseguir apoio dos parlamentares para aprovar, o mais rápido possível, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência, que altera drasticamente o modelo previdenciário brasileiro com a criação da capitalização individual, redução do valor inicial das aposentadorias, corte de pensões, idade mínima e maior tempo de contribuição.
O ex-ministro da Previdência e Trabalho Ricardo Berzoini disse que essa manobra do governo para conseguir o voto dos deputados e aprovar a reforma da Previdência é o “velho balcão de negócios”.
“Trata-se de um vergonhoso toma-lá-dá-cá, para aprovar uma reforma que visa retirar os direitos previdenciários e assistenciais do povo e abrir o bilionário negócio da capitalização, que aumentará o lucro dos bancos e a pobreza da maior parte do povo brasileiro. Um crime”, disse o ex-ministro.
De acordo com a reportagem publicada nesta terça-feira, 12 de março, pela Folha de S.Paulo, cerca de R$ 700 mil são para emendas diretamente propostas pelos parlamentares e os outros R$ 300 mil são de emendas de bancadas.
O deputado da base aliada do governo de extrema-direita, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse à Folha que o dinheiro foi liberado e deve chegar para os beneficiários na semana que vem.
A intenção do governo federal é liberar, até o final do ano, o total de R$ 3 bilhões para as emendas de deputados. As emendas são pedidos de verbas que os deputados fazem, muitas vezes para conseguir apoio político com melhorias em locais de influência, mas que não estão no Orçamento do governo.