Desigualdade aumenta, e número de pessoas com fome no mundo chega a 820 milhões
O número de pessoas sem alimentos suficientes atingiu 820 milhões em 2018, ante 811 milhões no ano anterior. É o terceiro aumento seguindo de populações com fome, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado na segunda-feira (15). O número representa que uma em cada nove pessoas no mundo passa fome. São 513,9 milhões na Ásia, 256,1 milhões na África e 42,5 milhões na América Latina e no Caribe.
Os dados mostram o tamanho do desafio que é atingir um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o ODS 2, o de Fome Zero em 2030. Segundo o levantamento, o ritmo do avanço para reduzir pela metade o número de crianças com atraso no crescimento (148,9 milhões) e o de bebês nascido com peso abaixo do normal (20,5 milhões) é “demasiado lento”, e isso também torna mais distantes os objetivos de nutrição do ODS 2. O informe mostra ainda que as probabilidades de sofrer com a insegurança alimentar são maiores para as mulheres em todos os continentes, especialmente na América Latina.
“Nossas medidas para abordar essas tendências preocupantes terão que ser mais enérgicas, não apenas em escala, mas também em termos de colaboração multi-setorial”, afirmam a FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Fome no Brasil
O relatório da FAO mostra que o Brasil, onde há “elevados e persistentes níveis de desigualdade quanto a rendimentos e acesso a serviços básicos”, houve redução desse problema entre 1999 e 2014, com crescimento da economia e melhora de indicadores como o de Gini. O organismo das Nações Unidas destaca ainda que “26,5 milhões de brasileiros abandonaram a pobreza entre 2004 e 2014”, período que coincide com governos Lula e Dilma.
“O aumento dos rendimentos familiares, somado a políticas sólidas e coordenadas nas áreas sociais, de educação e saúde, assim como políticas favoráveis aos setores produtivos, foram fundamentais para reduzir a pobreza e a desigualdade no período de 2002 a 2014”, diz o o relatório, referindo-se ao Brasil. “Quase dois terços da taxa anual de redução da pobreza no país podem se dever aos efeitos do crescimento dos rendimentos médios, especialmente até 2008. O efeito da coordenação das políticas também foi importante, sobretudo quando se reduziu o efeito do crescimento”, acrescenta a FAO. O informe cita programas como o Fome Zero e o Bolsa Família.
A fome aumenta em muitos países onde o crescimento econômico se encontra estagnado, sobretudo aqueles de rendimento mediano e nos que dependem em grande medida do comércio internacional de produtos básicos. O relatório denuncia que a desigualdade de rendimentos cresce em muitos países onde aumenta a fome, o que torna ainda pior a situação de pessoas pobres e excluídas, diante da desaceleração econômica e da recessão.
Ainda de acordo com o informe, há 40 milhões de crianças menores de 5 anos com peso excessivo para a altura, 338 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar com sobrepesa e 672 milhões de adultos obesos.