O crime do horário livre contra os comerciários
O presidente da FECESC Francisco Alano divulgou artigo em que critica a sanha dos empresários catarinenses do setor do comércio de explorar seus trabalhadores, exigindo seu trabalho nos feriados e domingos.
Uma enxurrada de projetos de lei pedindo o horário livre do comércio tomou conta das Câmaras de Vereadores das cidades catarinenses neste ano de 2017. Por pressão de entidades empresariais e de grandes empresas do comércio, como a Havan, os trabalhadores estão sendo obrigados a trabalhar de domingo a segunda, perdendo seus preciosos finais de semana de descanso. Em algumas cidades, os sindicatos de trabalhadores ainda lutam bravamente contra esta arbitrariedade. Já os comerciários acumulam revolta contra a ganância e a ignorância dos empresários catarinenses.
O horário livre do comércio é pauta antiga dos empresários. Começou nos anos 80 e 90, com a chegada das multinacionais do varejo no Brasil, que buscavam ampliar seus lucros através da superexploração dos trabalhadores brasileiros. Os grandes empresários brasileiros gostaram da farra e, desde então, empurram goela abaixo dos trabalhadores a ideia de que o horário livre é uma necessidade para flexibilizar as relações de trabalho e gerar empregos.
Este discurso, no entanto, não passa de pura ideologia. O que foi notado nas últimas décadas, desde que esta praga começou, foi: 1, a redução relativa do número de trabalhadores por empresas; 2, a ampliação do poder das grandes empresas do varejo e a quebradeira das pequenas; 3, o aumento da intensidade do trabalho e a perda de direitos e qualidade de vida dos trabalhadores; com claros reflexos sobre o ponto 4: a desestruturação das famílias e a ampliação da violência urbana.
Com a atual guerra de classes decretada pela elite contra os trabalhadores – comandada pelo corrupto Michel Temer e que se consolida na destruição das leis trabalhistas – as empresas do comércio ampliaram sua agressividade na busca pelo horário livre. Se nas grandes cidades do estado isso já era um fato há longo tempo, a ofensiva deste ano foi contra as cidades do interior. Cidades como Joaçaba e Maravilha viram a aprovação do horário livre em tempo recorde nas câmaras de vereadores. Já cidades como Concórdia, Caçador e São Miguel do Oeste ainda lutam para tentar barrar os projetos.
O cúmulo da canalhice empresarial chegou na última semana em São Miguel do Oeste. Não contentes em liberar o horário do comércio, os vereadores querem conceder isenção fiscal – imposto zero – para os empresários que abrirem suas portas em alguns domingos e feriados. Ou seja, dizem que existe uma crise no país, que não têm dinheiro para educação, saúde, saneamento básico, segurança e salários de servidores, mas não perdem a oportunidade de ampliar o assalto dos empresários contra as contas do município.
O que se tem notado é grande repúdio popular contra empresários que defendem o horário livre. Os trabalhadores têm se organizado em grupos de whatsapp para denunciar os vereadores e empresários que querem destruir suas vidas. Entidades sindicais, religiosas e de moradores apoiam a luta dos sindicatos dos comerciários. Vereadores combativos defendem os trabalhadores e sofrem pressão das entidades empresariais e das prefeituras aliadas dos capitalistas.
Os sindicatos dos trabalhadores no comércio lutarão até o fim contra esta arbitrariedade. Temos a certeza que o horário livre é uma agressão contra o povo mais pobre das cidades, quase um retorno à escravidão. Mesmo que formos derrotados nestas batalhas, faremos os defensores deste crime pagarem o devido preço político. A luta não para, a revolta do povo contra empresários e políticos só aumenta. Que não se enganem, o povo que acumula raiva e sofrimento não tardará em se levantar e varrer toda a podridão do nosso país.
Por: Francisco Alano – Presidente da FECESC – Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de SC