Com explosão de casos, Brasil tem fila de espera por UTIs e falta até respiradores

Neste domingo, o país registrou mais 1.054 novas mortes pela Covid-19 e manteve, por nove dias seguidos, recorde de média móvel de óbitos, com 1.497

O país que fez a pior gestão da Covid-19 no mundo, segundo estudo do Instituto Lowy, baseado em Sidney, o Brasil enfrenta a mais agressiva e fatal onda do novo coronavírus desde o fim do ano passado. Nos últimos sete dias, foram mais de 10 mil mortes, foi o maior registro desde o início da pandemia em fevereiro do ano passado. O total de vidas perdidas aumentou 11%, enquanto o mundo teve queda de 6%.

Para especialistas, o país criou uma “tempestade perfeita” para o avanço da doença, passando pela falta de coordenação do governo federal, a falta de planejamento do Ministério da Saúde, aglomerações registradas no fim de 2020 e no feriado de Carnaval deste ano e enfrenta a falta vacinas para a imunização de brasileiros.

O resultado está sendo explosão de casos e mortes por Covid-19, filas nos hospitais em vários estados, falta de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), de medicamentos e até de respidadores.  

Neste domingo (8), foram contabilizadas mais 1.054 novas mortes pela Covid-19 e o Brasil manteve, por nove dias seguidos, recorde de média móvel de óbitos, com 1.497. O recorde anterior era de 1.455.

Já são 46 dias com média móvel acima de 1.000, e o número de casos nas últimas 24 horas foi de 79.237. Com isso, o total de mortes no país chegou a 265.500 e o de casos a 11.018.557 desde o início da pandemia.

O aumento de casos e óbitos neste domingo é devido à inclusão de mais de 42 mil casos represados no estado do Paraná desde maio de 2020 e 222 óbitos que foram registrados somente neste domingo. Assim, o país chega à segunda posição no ranking de maior número de casos registrados em 24h.

Cenários da doença nos estados

São Paulo

No estado de São Paulo, 80% das UTIs para pacientes com Covid-19 estão ocupadas pela primeira vez desde o início da pandemia. Os dados são da plataforma Seade, usada pela secretaria estadual da Saúde. Em todo o estado a ocupação é de 80,05% e três regiões já passam dos 90%. Entre os leitos de enfermaria, a taxa é de 63,4%.

A capital paulista também atingiu 81,5% de leitos de UTI ocupados neste sábado (6). Ao menos três hospitais da cidade têm 100% de ocupação e seis unidades estão com mais de 90% de ocupação no município.

São Paulo já registrou 61.463 mortes e 2.113.738 pessoas contaminadas desde o início da pandemia.

Rio Grande do Sul

A situação não é diferente no Rio Grande do Sul. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), referência no atendimento de pacientes com Covid-19 no estado, não tem mais respirador para pacientes com o pulmão comprometido. Essa semana o hospital divulgou fotos da UTI lotada.

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE (HCPA)HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE (HCPA)

Até às 20h06 desde domingo (8), 103% dos leitos estavam em estado crítico, com 3.098 pacientes e 3.005 vagas.

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) monitora 299 hospitais públicos e privados diariamente. No balanço divulgado no meio da noite, 42 instituições ainda não haviam atualizado seus números.

A situação mais grave é na região de Lajeado, onde a ocupação dos leitos críticos chegou a 136% no início da noite de domingo.

Em Novo Hamburgo, região onde a lotação é de 123%, o Hospital Regina fechou a emergência para atendimento de pacientes com Covid-19 e outras doenças.

Em Bento Gonçalves, na Serra, o Hospital Tacchini comunicou estar em colapso, com 140% de ocupação. A instituição tinha 63 pacientes em UTI na noite de sábado (6) e os casos agora são encaminhados para a unidade de pronto atendimento (UPA) do município.

O Rio Grande do Sul registrou, neste domingo (7), o décimo dia seguido com alta na média móvel de mortes. Desde o início da pandemia, 13.449 pessoas morreram pela doença. O número de infectados está em 688.846.

Distrito Federal

No Distrito Federal, a situação também é crítica. A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto e pediátrico, da rede pública de saúde e para tratamento de pessoas com a Covid-19 chegou a 100%, nesta segunda-feira (8), de acordo com o levantamento da Secretaria de Saúde.

Neste domingo, o Distrito Federal confirmou mais 12 mortes e 874 novos casos de Covid-19. O total de óbitos chega a 4.962, e os infectados somam 306.251, segundo dados da secretaria de saúde.

Rio Grande do Norte

Nesta segunda-feira (8), a taxa de ocupação de leitos para Covid-19 no estado Rio Grande do Norte chegou a acima dos 90%. São 280 unidades ocupadas com pacientes, enquanto que 20 estão disponíveis e outras dez estão bloqueadas.

Dos 22 hospitais que atendem pacientes com Covid-19 no Rio Grande do Norte, 16 estão com 100% de ocupação das unidades.

Por região, a ocupação de leitos é mais alta na Região Oeste, com 98,9%. O melhor cenário é na Região Seridó, que está com 77,8% das unidades ocupadas. Na Região Metropolitana de Natal, a taxa de ocupação está em 93,6%, na manhã desta segunda.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, onde foi registrado muitas aglomerações nas praias e em baladas clandestinas no feriado de carnaval, a taxa de ocupação de leitos de UTI no SUS estavam em 96% neste domingo (7). Os dados foram divulgados pela prefeitura do Rio. No sábado (6), este número estava em 92%. Já nas enfermarias, a lotação permaneceu em 74%.

Pernambuco

Pernambuco atingiu, nesse domingo, 95% de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede pública, segundo a informação é da secretaria estadual de saúde. Ao todo, há 1.057 leitos de terapia intensiva na rede pública.

Na rede privada, o índice de ocupação é de 91% dos 336 leitos. Nos leitos de enfermaria, as taxas de ocupação são de 82% dos 999 da rede pública e 56% dos 206 da rede privada.

O estado registrou, neste domingo (7), 300 novos casos de Covid-19 e 20 mortes de pacientes diagnosticados com a doença. Ao todo, pessoas foram 308.284 infectadas e 11.173 pernambucanos foram vítimas da doença desde o início da pandemia.

Petrolina

No sertão de pernambucano, em Petrolina, a ocupação dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19 chegou a 100%. A informação foi confirmada na noite desse domingo (7) pelo prefeito do município, Miguel Coelho (MDB).

O prefeito sinalizou que medidas mais severas de isolamento podem ser adotadas no município, caso o cenário continue o mesmo. Petrolina tem o registro oficial de 17.115 casos confirmados da Covid-19, e 211 óbitos provocados pela doença desde o início da pandemia.

Paraná

Já no Paraná, a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para Covid-19 alcançou 98%. De um total de 1.458 leitos, apenas 30 não estão ocupados. Quanto aos leitos de enfermaria, a ocupação é de 78%, ou seja, de 2.267 leitos, 501 estão livres.

Dados da secretaria estadual de saúde informa que 2.243 novos casos confirmados e 18 mortes decorrentes de infecção causada pela doença foram registradas em 24 horas. Neste balanço, a secretaria incluiu 42.724 casos retroativos notificados pelos municípios e também 222 mortes até então não contabilizadas pelo estado.

Dos casos retroativos, cerca de 93% do total ocorreram em Curitiba, com 39.910 registros; das mortes retroativas, 177 referem-se a Curitiba desde junho do ano passado. Com a atualização, o Paraná conta até agora com 720.971 casos confirmados e 12.486 mortos em decorrência da Covid.